No próximo domingo, dia 09 de abril de 2023, será comemorada a Páscoa entre os povos de fé cristã. Neste dia anualmente, e infelizmente mais por força da mídia que por qualquer outro motivo, nos reunimos com nossas famílias e amigos, trocamos ovos de chocolate e bombons, bebemos e comemos, e frequentemente nos esquecemos do motivo que nos levou a comemorar…
Na verdade, a Páscoa tem muitas faces, eu diria três principais. A data faz parte da cultura de diversos povos, entre eles muitos que não são cristãos, e embora com simbolismos distintos, possui objetivos comuns ou ao menos similares que atravessam as eras.
Celebração Hebraica
A Páscoa cristã deriva de uma celebração hebraica denominada Pessach, expressão que traduzida para o nosso idioma significa passagem. Esta celebração entre os judeus ocorre até nossos dias, e comemora a saída dos hebreus cativos do Egito antigo, ocorrida no mês de nissan segundo o calendário judaico. Este evento se deu através do patriarca Moisés nos termos da narrativa do Livro do Êxodo da Torá, e marcou o início da jornada de uma recém fundada nação rumo a uma Terra Prometida por IAVEH e uma VIDA nova, um RENASCIMENTO sob a guarda e proteção de um Deus Único, cujo nome era impronunciável e só conhecido do sumo sacerdote. Em comemoração a esta data, os hebreus comiam pão não fermentado, chamado de ázimo, e ervas amargas para recordar o rigor e a dureza da jornada de seus antepassados, numa espécie de rito de purgação. Se reuniam para compartilhar de uma ceia com características místicas, chamada de Kidush ou Seder de Pesssach, e caracterizada por uma liturgia bem específica que incluía o consumo de vinho.
A Santa Ceia
Como era judeu, Jesus Cristo e seus doze apóstolos mais íntimos celebraram o antigo costume hebreu num evento que ficou conhecido para os cristãos como a Santa ou Última Ceia, e que serviu também como uma espécie de despedida do Mestre.
Mais tarde, após a consolidação da doutrina cristã, a Páscoa passou a representar o dia da Ressurreição de Jesus Cristo, e da vitória da VIDA sobre a morte.
Foi nestes tempos de evangelização que São Patrício e seus discípulos se dispuseram a difundir a fé cristã entre os povos britânicos, formados por pictos, hicsos, celtas e etc. Estes povos denominados pagãos, expressão derivada do latim paganis, e que significa camponês e não herege, que isso fique bem claro, comemoravam uma espécie de Páscoa denominada Easter, que celebrava o início da primavera no hemisfério Norte, época em que a vida ressurgia no desabrochar das flores, no crescimento exuberante dos vegetais, e na volta do Sol em seu resplendor fulgurante trazendo de novo à VIDA os campos castigados pelo rigoroso inverno. A expressão Easter permanece atual para designar a Páscoa entre os povos de língua de origem germânica, como o inglês por exemplo. Esta expressão, numa tradução livre, significa “o que vem do Leste”, ou “do Oriente” se preferirmos, ou seja, o Sol, a Luz e a VIDA. Também está relacionada à deusa Ostera associada à primavera pelos povos germânicos.
A Tradição Celta
As religiões cristãs da atualidade mantiveram a tradição celta de comemorar a Páscoa no primeiro domingo da primeira lua cheia da primavera do hemisfério Norte, e por isso ela é uma data móvel em nosso calendário. Aliás, foi essa necessidade de adequação da comemoração da Páscoa ao equinócio de primavera que motivou a instituição do calendário gregoriano em 1582. Ou seja, foi a Páscoa que deu origem ao calendário secular utilizado pela maioria dos povos na atualidade.
Mas independentemente disso, Jesus Cristo e seus doze apóstolos também comemoraram o Pesach nesta ocasião, o que nos leva a suspeitar se não há algo mais. Será que a estiagem do Inverno causava algum fenômeno nas águas do Mar Vermelho à época de Moisés? Será que Jesus Cristo escolheu aleatoriamente esta data para marcar sua despedida? Certamente que não, pois nada é por acaso, e muito mais descobriremos se ampliarmos nossas investigações.
O Coelho como Símbolo da Páscoa
Os cristãos adotaram o coelho como animal símbolo da Páscoa pela sua característica de ser um grande e rápido reprodutor, simbolizando a velocidade do crescimento da fé cristã naqueles tempos. Mais tarde, o ovo, símbolo evidente e óbvio da VIDA, se associou à Páscoa e ao coelho, evoluindo das versões de ovos de galinha pintados e pendurados em árvores para o atual modelo feito de chocolate.
Assim, vemos que em todos estes povos e tempos, independentemente de sua fé e motivação, a Páscoa celebrava, e ainda celebra, a VIDA e sua prevalência sobre a obscura e inexistente morte.
Não há dúvida de que falamos de uma celebração de Iniciados.
Rogo ao Deus do entendimento de cada um de nós, ao Grande Arquiteto do Universo e Supremo Árbitro dos Mundos, que na sua infinidade de manifestações e entendimentos existentes entre os diversos povos que habitam o orbe terrestre, nos abençoe e às nossas famílias com a VIDA, a LUZ e o AMOR que esta data representa em todos os seus simbolismos.